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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

UM ESTRANHO CASO DE POSSESSÃO OU SURTO PSICÓTICO NO PRESÍDIO.





Anormal! Sim, essa é a melhor palavra que descreve o dia de ontem no presídio de custódia de presos de justiça.

Irmã Laíde e eu havíamos chegado no horário, fizemos todo o procedimento de entrada e revista para que pudéssemos entrar nas dependências da presídio onde as detentas ficam.

Passamos por um portão de grades onde dois carcereiros estavam a postos, tanto para controlar a entrada e saída das pessoas, quanto para intervir diante de brigas e confusões por parte das detentas.

Entramos e logo as detentas que sempre atendem aos nossos encontros se dirigiram para o canto daquele salão onde nos reunimos como de costume.

Entreguei a elas uma cópia das músicas que estávamos a aprender para cantar no Natal. Enquanto explicava a elas sobre o que iria acontecer, eu percebi a entrada de uma detenta que eu ainda não tinha visto por lá. Imaginei que fosse recém chegada ao presídio. Ela estava acompanhada por mais outras duas detentas e uma outra que empurrava uma cadeira de rodas.

Vi que as carcereiras, juntamente com as outras pessoas do presídio, estavam felizes ao ver aquela mulher, pois todos a cumprimentavam e a tratavam com carinho. Ela, auxiliada pelas duas detentas que a acompanhava, se levantou lentamente e começou a dar passos pequenos e lentos.

Nós demos início ao culto. Cantei duas canções, sempre acompanhado com o meu violão, ensaiei com elas a canção nova e enquanto cantava, uma coordenadora chegou perto de mim e pediu para que eu desse um intervalo de dez minutos para que as detentas pudessem tomar o café e serem medicadas. Prontamente a atendi e foi nesse momento que algo anormal aconteceu.

Aquela mulher na cadeira de rodas, uma senhora de cerca de 60 anos, cega e com dificuldades de mobilidade, estava sentada do outro lado da mesa onde as refeições são servidas.
Eu me aproximei , me posicionei do outro lado da mesa e perguntei:
_ Qual o seu nome?

_Cintia, ela me respondeu.
_Posso cantar uma musica pra você ouvir?
_Sim, lógico! Por favor. Respondeu ela meio se saber com quem estava falando.

Então eu percebi que ela era cega. Me apresentei e comecei a tocar e cantar.

Cantei a primeira cancão. Ela ouvia atentamente. Na segunda canção, as detentas chegaram pra ouvir, juntamente com elas vieram duas carcereiras. Todos ouviam silenciosamente as músicas entoadas. Então, repentinamente eu percebo uma mudança de fisionomia daquela cadeirante e cega, ela cerrava os lábios e com uma expressão pesada se contorcia na cadeira. Naquele momento ela começou gritar com um tom de voz irreconhecível, um tom gutural e meio animalesco onde repetia compulsivamente "_Eu sou diabo, não mexa comigo, me deixa!".

Eu pensei comigo mesmo, " Ela está tendo um surto, precisa ser acalmada."
Foi então que ela se levantou! Eu estava sentado do outro lado da mesa, a uma distância de mais ou menos dois metros dela, apesar desses obstáculos, e o fato dela ser cega, mesmo assim, ela se levantou deu a volta na mesa e veio em direção a mim. Nesse momento eu tentei me levantar da cadeira, mas enquanto eu levantava, ela segurou o meu pescoço e me lançou na parede. Eu tentei me desvencilhar, mas o braço dela não se movia. As detentas, juntamente com as carcereiras tentavam segurá-la, mas a força descomunal daquela mulher não parecia ser própria de uma senhora enferma. Rapidamente os carcereiros correram para ajudar, foi quando eu consegui puxar o braço dela e sair daquela situação.

Os funcionários conseguiram levá-la, enquanto a arrastavam pelo salão, ela gritava:"_Eu vou te matar, me solta, me solta!".

Alguns minutos se passaram, uma carcereira preocupada comigo me perguntou se estava tudo bem. Eu sentia a dor da pancada da minha cabeça na parece que machucou a orelha esquerda. A enfermeira, pensando que eu estivesse nervoso, dizia que aquilo nunca tinha acontecido antes e pedia pra eu não deixar me abalar por aquilo e não desistisse daquela missão.
Eu olhei pra ela e perguntei com a voz calma e tranquila: _Senhora, eu pareço estar nervoso? Estou bem, estou  tranquilo. A gente sabe do risco e de certa forma estamos preparados para essas situações.

Duas detentas sentaram perto de mim e disseram: _ Pastor, isso é coisa do diabo. Essa mulher nunca sai da cela dela e passa a noite chamando o demônio.

Eu as ouvia com atenção e tentei explicar que deveríamos tomar cuidado em achar que tudo era coisa do diabo. Expliquei que as pessoas adoecem e que aquela senhora possivelmente tinha tido um surto.

A irmã Laíde que estava distante de toda aquela confusão me chamou para conversar. Ela então com poucas palavras me deixou ciente que aquilo não era um simples surto.

Nós não imaginávamos que algo mais surpreendente ainda estava por acontecer...