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segunda-feira, 18 de julho de 2022

Ariano Suassuna faz uma crítica no livro, que virou filme, O Auto da compadecida, onde a mulher do padeiro alimenta seu lindo cachorrinho com filé mignon, enquanto seus funcionários passam fome. A humanidade está na UTI, enferma da alma, cega e febril de humanidade. Enquanto isso gastam energia em distrações que evidencia sua esquizofrenia social que não consegue estabelecer o mínimo do que seja uma justa prioridade. O amor verdadeiro sabe estabelecer prioridades justas. Ao fecharmos os olhos para a gritante necessidade dos nossos semelhantes, e inventamos desnecessários mimos para nossos pets, demonstramos a falência da capacidade empática humana. Enquanto a relação entre humanos e animais evoluiu no decorrer do tempo, a nossa incapacidade de envolvimento com seres humanos demonstra um nível de involução animalesca. O amor sabe estabelecer suas justas prioridades! Assim como a mulher do padeiro, na ficção de “O Auto da compadecida”, foi julgada pelo exarcebado cuidados ao seu animal de estimação, a consciência será como um martelo a ferir a alma daqueles que não atendem às necessidades dos pequeninos semelhantes. Deus há de cobrar os que maltratam animais, assim como julgará os que não amaram seus semelhantes. Antoniel Lopes

quarta-feira, 6 de julho de 2022

RECOMECE AOS 40

 RECOMEÇAR AOS 40 ANOS.

Quando eu completei 20 anos eu estava num internato cristão, um seminário confessional estudando Teologia. Naquele lugar, durante os estudo eu pude me formar e estar apto a exercer o ministério pastoral. Também foi durante o período de seminarista que eu pude aprender outro idioma que não apenas abriu minha mente, como também abriu muitas portas para que eu pudesse conhecer outras culturas e países.

Aos trinta anos, depois de passar sete anos pastoreando, eu tive que recomeçar a vida. Fui servir no continente africano por três breves, mas tocantes meses. Servir quem não podia pagar, servir quem tinha apenas o mais valioso sorriso e abraço. Ao retornar ao Brasil eu me tornei empreendedor no interior do Maranhão e iniciei meu escritório de ensino de inglês. Pude fazer parte da realização de sonhos de outras pessoas as quais aprenderam inglês comigo, ou foram influenciados a se dedicar e conhecer outros países.

Mas enquanto há vida, ela se torna tão dinamica que nos coloca em ciclos de fins e recomeços. Aos trinta e cinco anos, já casado tive a chance de estudar Direito na maior cidade da américa do Sul. Uma bolsa de estudo integral. 

Encorajado por grandes amigos/irmãos, por minha esposa e mãe, dexei meu Maranhão e vim pra São Paulo onde fiquei abrigado na simples e solidária casa alugada da minha cunhada.

Estava sozinho, frio do sudeste, desempregado e mais uma vez recomeçando.

Para não entrar numa aspiral de auto destruição causada pela tristeza e solidão, resolvi fazer o que minha alma sempre se dispôs a fazer para me enxer de esperança. Fui servir voluntariamente nos presídios de São Paulo. Eu e meu violão. Entrávamos nas prisões levando música, palavra de perdão, reconciliação, salvação e liberdade. 

Enquanto isso, me debruçava no estudo do Direito. Foram cinco longos anos. Amizades foram feitas naquela faculdade. Professores que inspiraram e ainda me inspiram. Nenhuma nota vermelha, nenhuma reprovação ocorreu porque eu sabia que precisaria sugar todo conhecimento disponível nas aulas para o meu novo recomeço no ramo do Direito.

Eu pensava que me formar e conquistar o Bacharelado em Direito seria o meu maior desafio. Ledo engano! Aprender a prática jurídica também era igualmente desafiador. Encontrar no caminho pessoas abertas a ensinar a prática, os procedimentos as técnicas jurídicas foi algo difícil. Vieram os estágios, com eles o conhecimento. Defensoria pública de São Paulo, Tribunal de Justiça, Vara da Família. Quando aprendizado! Quanta gente importante me ajudou a construir meu recomeço!

Mas havia outro desafio! OAB/FGV. No meio dessa batalha tivemos uma pandemia e com ela todas as cargas de emoções, ansiedades e medos. Mas pessoalmente também enfrentei a tragédia de aborto de um ser querido por quem chamei de filho por alguns poucos meses de gestação. Que baque! Precisava de muita força para não desistir. E ela veio. Forças compartilhadas por quem sempre esteve ao lado, esposa, família, igreja, amigos e estranhos que a gente sequer imagina que se importam com nossa dor e com nossos sonhos.

Prova da OAB havia chegado, o tempo havia passado e com o nascer de novos tempos novas esperanças surgiram. Um novo ser brotava no útero da minha esposa, um filho estava sendo gerado e ele, mesmo ainda no ventre da mãe, trouxe aquela chama que nos faz seguir e não desistir.

APROVADO na OAB, simultaneamente me tornei pai do Kaio Lucas aos quarenta anos! 

Aos 40 anos mais uma vez a vida recomeça! Já não sou mais um jovem rapaz inexperiente, embora tenha ainda tenha sempre a aprender.

Certa vez, enquanto lecionava inglês para uma criança, ela me perguntou: Professor, o que o senhor quer ser quando crescer? Eu a respondi dizendo que queria fazer as pessoas felizes.

Hoje, aos quarenta anos, minha





resposta para aquela criança não seria diferente. Eu apenas acrescentaria dizendo que quero promover a justiça, quero servir a todos os que são injustiçados trazendo-lhes justiça atravez do Direito.

E assim eu recomeço a vida aos 40 anos com o desejo ardente de servi-los como advogado! 

Não tenha medo, nem se demore em recomeçar, há qualquer tempo, mesmo que seja aos 40 anos.